20/07/2010

A Rainha do Arco-Íris - Minha Vida Intensa e Aprendizado na Morte

Hoje minha amiga de Twitter e blog, @RuthSasaki twittou: "Cada vez que leio a notícia da morte de alguém jovem, tenho certeza que devo fazer tudo que me dá muito prazer, mesmo que aos olhos do mundo seja errado!"

Isso me inspirou a escrever sobre morte/vida e certo/errado, algo que já fazia tempo queria escrever.

Um dia, meu amigo Tomás chegou na minha casa com um papel e disse: "Toma, imprimi isso aqui para você, porque essa carta aqui é você". Era a carta "Florescendo", do Tarô do Osho. Ele continuou dizendo: "Você é assim, você se apaixona pelas pessoas, as pessoas se apaixonam por você, você encara os problemas, os amores, as dores, você sabe celebrar até na dor, você é assim, você é a própria Rainha do Arco-Íris, eu precisava imprimir para você nunca esquecer quem você é".
E a carta era essa aqui...

Zen Tarot Card
Florescendo


"O Zen quer vê-lo vivendo, vivendo em abundância, vivendo na completude, vivendo intensamente - não em grau mínimo, como pretende a Cristandade, mas no grau máximo, transbordante.

A sua vida deveria derramar-se até os outros. A sua felicidade, a sua bem-aventurança, o seu êxtase, não deveriam ficar confinados dentro de você, como uma semente. Deveriam abrir-se como a flor e espalhar sua fragrância indiscriminadamente - não apenas para os amigos, mas para os desconhecidos também.

Isso é compaixão verdadeira, amor verdadeiro: compartilhar a sua iluminação, compartilhar a sua dança do além."

Osho Christianity, the Deadliest Poison and Zen… Chapter 5

Comentário:

"A Rainha do Arco-Íris é como uma planta fantástica que atingiu o ápice do seu florescimento e das suas cores. É muito sensual, muito cheia de vida e plena de possibilidades. Estalando os dedos ela acompanha a música do amor, e o seu colar do zodíaco está colocado de tal maneira que Vênus repousa sobre o seu coração. As mangas da sua vestimenta contêm sementes em abundância, e, à medida que sopra o vento, elas são espalhadas para criar raízes onde lhes for possível. Não a preocupa saber se as sementes caem no solo ou sobre as pedras - ela apenas as vai espalhando por toda parte, em total celebração da vida e do amor. Flores caem do alto sobre a sua cabeça, em harmonia com o seu próprio florescimento, e as águas da emoção serpenteiam divertidamente sob a flor em que ela está sentada.
Você poderia sentir-se neste exato momento como um jardim de flores, regado por bênçãos vindas de toda parte. Dê boas-vindas às abelhas, convide os pássaros a beber do seu néctar. Espalhe em volta a sua alegria, para que todos compartilhem dela."


Copyright © 2010 Osho International Foundation

Ao terminar de ler, rindo e me divertindo por ter adorado a Rainha do Arco-Íris, conversamos sobre as razões de eu ser assim.
O fato é que entre os 13 e 17 anos, vi muitos jovens morrerem em Piracicaba. Muitos, muitos mesmo. Acidentes de carro, de moto, suicídios, assassinato em conseqüência de dívida com drogas, doença, incluindo Aids, também em conseqüência de drogas, etc. Esses jovens eram irmãos de amigos, na grande maioria, mas também havia amigos e até paquera.
Então meu lema sempre foi esse, viver a vida ao máximo e no presente. Presente é hoje. Você respira e entre inspirar e expirar o segundo passado já é... passado...
Mas nessa intensidade da vida, das aventuras, dos amores, das paixões, das alegrias, da espontaneidade, das possibilidades, do não perder tempo com bobagens e pequenas coisas, de deixar a vida fluir, deixar acontecer e quando estamos fazendo o que temos que fazer sem preocupação, tudo flui, mesmo!
Outra coisa que a morte de jovens nos ensina é a ter compaixão. Lembro-me de quando morreu a irmã de uma amiga minha, num acidente horrível em que ela passou a madrugada inteira acordada estudando para a única prova que ficou de exame no 3º colegial e ela se enfiou com a Mobilete embaixo de um caminhão, por ter dormido. Foi horrível. Eu tinha 15 anos. Minha mãe me olhou e disse: "Vou te levar no enterro" e eu entrei em pânico porque não conseguiria enfrentar aquilo e retruquei dizendo que ela não era a minha amiga, era irmã da minha amiga. Então minha mãe disse: "Tudo bem, mas você vai na missa de 7º dia. Você vai justamente por sua amiga, porque ela está sofrendo e você vai só mostrar sua amizade e apoiá-la". E lá fui eu, sozinha, na missa. Quando fui cumprimentá-la disse na maior espontaneidade: "Não sei o que te dizer porque ninguém deve estar sofrendo como você". Acho que minhas palavras não foram bem colocadas na hora, mas quis dizer que eu conseguia entrar na dor dela. Foi meu primeiro contato com a compaixão.
Então eu pergunto, o que é certo e o que é errado?
Aos olhos do mundo muita coisa é errada, mas não podemos nos esquecer que o mundo é míope, então, conceitos são só conceitos, o que se aplica a cada um de nós como certo e errado é muito particular.
No meu caso, com relação às mortes de jovens aprendi a viver intensamente no presente, com muito, mas muito cuidado e amor a minha vida e a ter compaixão por todos que me cercam. Então, meus conceitos de certo e errado se aplicam por esse caminho.
Tudo o que faço é responsabilidade minha e arco com elas.
Tudo que fizer que não prejudique ou ponha em risco a vida de ninguém, está certo.
Tudo que fizer e tiver conseqüências que eu possa ou queira suportar está certo pra mim.
Tudo que fizer que machuque alguém que amo e, para mim, seja mais insuportável ver a pessoa sofrendo do que o prazer daquilo que fiz, então está errado.

Nenhum comentário:

Postar um comentário