25/12/2009

Camille Claudel e Auguste Rodin

A primeira vez que li sobre Camille Claudel fiquei encantada pela estória da paixão da discípula pelo mestre. É fácil imaginar que isso aconteça, a admiração ao talento do mestre, almejando atingir uma meta a ser aprovada por ele, do outro lado, o talento nato sendo polido e amadurecendo com os traços do mestre, inspirações mútuas e nesse misto de admiração do supremo ao essencial e do essencial ao supremo, nasça uma grande paixão entre ambos. Para mim também é fácil imaginar se apaixonar por Rodin...
Tempos depois estive no Museu Rodin, em Paris, há 10 anos atrás. O que senti lá não foi indescritível, seria insensato dizer isso. O que senti lá foi prazer, foi amor, foi paixão. O local foi estúdio de Rodin, onde Camille foi sua discípula e viveram um grande amor. Talvez fosse melhor dizer um louco amor. A luminosidade dos raios de sol que entravam pelas janelas faziam minha mente imaginativa visualizar os momentos de paixão vivenciados entre a confecção de cada obra. As esculturas transmitiam vida, energia, luz e tinham algo que me tocava profundamente, me emocionando.
Fique impressionada com as obras de Camille Claudel, a discípula que superou o mestre, não sei se em técnica, mas nitidamente em sensibilidade.
O jardim do Museu Rodin é um dos meus lugares favoritos em Paris, me sinto plena ali. É como se existisse, em mim, um equilíbrio entre energia feminina e masculina; talvez por isso, desde então, eu pense que se um dia fosse pedida em casamento, gostaria que fosse ali. Hoje minha mente super imaginativa já achou uma outra interpretação para esse desejo.
Assisti ao filme "Camille Claudel" que conta a estória triste dessa mulher tão brilhante de talento, tão cheia de amor, que direcionou o amor rejeitado à criação de suas obras, mas não soube direcioná-lo a estruturação de sua vida. Um talento, pleno de amor, só pode criar beleza, sensibilidade e transmitir emoção. Mas um amor tão vivo, tão intenso, tão verdadeiro, menosprezado, pode levar a exclusão e a loucura? O filme e minha sensação, mostram que Rodin não teve coragem para assumir esse amor e vivê-lo em sua plenitude. É como se todo delírio e insensatez de Camille não fossem somente por causa da rejeição, mas da sensibilidade intensa de sentir e saber que esse amor fora correspondido, mas que não houvera coragem para assumir as conseqüências de vivenciá-lo em sua plenitude. A dor e o sofrimento foram constantes na vida dela. Após ser internada em um manicômio por sua própria família, ainda viveu 30 anos nesse exílio, isolada de sua família e de qualquer vínculo.
No Museu Rodin, o local de cada obra foi destinado pelo próprio escultor antes de morrer. Rodin passou admirando e apoiando o trabalho de Camille enquanto ela se inundava em dor e devaneios a seu respeito.
A nova interpretação para o meu desejo de ser pedida em casamento nos jardins do Museu Rodin, talvez seja exatamente por ter intuitivamente percebido que ali, naquele cenário de amor só faltava uma coisa, um desfecho. Um desfecho feliz!